Recursos Caixa e a liberação do financiamento: entenda a situação em 2023

20 Outubro 2023 | Atualizado em 21 Outubro 2023
Por Redação MySide

A orientação de especialistas é que, em condições normais, o crédito é liberado em um tempo médio de 40 dias no processo de financiamento imobiliário – tendo mínimo de 10 e máximo de 90 dias. Confira qual é a situação atual da Caixa Econômica e porque seu financiamento pode ainda não ter saído.

Atraso na liberação do financiamento imobiliário Caixa Econômica

No Brasil, a Caixa Econômica Federal (CEF) é responsável por 67% dos financiamentos imobiliários. Ela também apresenta, tradicionalmente, um dos menores prazos para liberação do crédito entre as instituições financeiras.

Porém, agora em 2023, a facilidade de obtenção e liberação de crédito que era encontrada pelos clientes do banco não está sendo uma realidade.

Clientes insatisfeitos, fila de espera em programas habitacionais, uma demora inédita na liberação de valores já aprovados e uma tensão financeira ditam o clima do mercado de crédito imobiliário no momento.

Mas os atrasos na liberação dos financiamentos imobiliários pela Caixa Econômica Federal têm justificativa. Entenda o que tem provocado a situação e o impacto no mercado de financiamento brasileiro.

Meu financiamento Caixa foi aprovado: quando o crédito será liberado?

Se você solicitou financiamento imobiliário e está preocupado com a demora, fique tranquilo(a)! O atraso é generalizado e já existem registros do problema desde os primeiros meses de 2023. O processo comum de financiamento imobiliário funciona dessa maneira:

  1. Solicitação do financiamento;
  2. Análise jurídica de documentação e vistoria do imóvel;
  3. Aprovação do financiamento, emissão e assinatura de contrato; e
  4. Liberação do recurso para o vendedor do imóvel.

Entre as etapas 2 e 3, ocorre a emissão do contrato de financiamento, nela, a Caixa Econômica faz a reserva orçamentária do recurso solicitado previamente. É nessa etapa que costuma ocorrer o atraso do processo.

Especialistas orientam que, atualmente, o prazo total para a assinatura do contrato e liberação do financiamento está em 120 dias, podendo ser ainda maior. O motivo está no cenário macroeconômico do país.

Atrasos no financiamento imobiliário: entenda o cenário

O aumento e permanência da taxa Selic – o índice balizador dos juros da economia brasileira – na casa dos dois dígitos e a retirada bilionária de recursos da poupança por parte da população, são as principais razões para o atraso na liberação do financiamento da Caixa.

Isso porque uma grande parte dos recursos emprestados para financiamentos habitacionais dos bancos atualmente provém do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que utiliza os valores disponíveis em poupança para crédito imobiliário como meio de baixar os juros e facilitar o acesso à casa própria.

Com a retirada de valores bilionários da poupança e a migração dessa quantia para investimentos mais rentáveis, como títulos de Renda Fixa indexados à taxa Selic, a principal fonte de recursos dos financiamentos da CEF e de outros bancos, está incerta.

O resultado dessa instabilidade é o atraso da liberação de crédito e a implementação de filtros ainda mais restritos para a concessão de novos financiamentos imobiliários.

Historicamente, a instituição pública apresenta uma das taxas de juros mais competitivas do mercado. Por outro lado, não há garantia de que a taxa do banco permanecerá a mesma, pelo menos não por enquanto.

Mesmo assim, a procura pelo financiamento imobiliário no banco federal cresce com a alta da taxa selic, já que os juros da Caixa Econômica Federal se mantêm baixos, na contramão dos bancos privados.

Afinal, ao perder recursos da poupança, as instituições, especialmente no caso de bancos privados, precisam remanejar recursos e buscar fundos mais caros para continuar oferecendo o serviço. Por consequência, o financiamento imobiliário ficará mais caro para o consumidor final também.

Para finalizar nossa lista de razões para os atrasos, durante 2022, o banco realizou financiamentos imobiliários em excesso e, por isso, passa por um processo de compensação, estando mais restrito e dificultando a concessão e liberação de crédito em 2023.

Efeito dominó: impactos no mercado de financiamento

Como mais de um terço dos depósitos de poupança são feitos na Caixa Econômica Federal, o banco adquiriu a capacidade de influenciar o comportamento do mercado de crédito imobiliário, e não é diferente neste ano.

Por causa disso, houve impacto no desempenho de todas as outras instituições, até mesmo nos bancos brasileiros mais tradicionais, em uma espécie de efeito cascata em todo o mercado de financiamento imobiliário no país.

Um exemplo disso é que o Banco Itaú não aprova mais financiamentos imobiliários para não correntistas e exige um nível de relacionamento maduro entre os correntistas e o banco para permitir a aprovação.

A instituição bancária utiliza um score de relacionamento que vai de 1 até 5. Se um cliente está no nível 1 dentro da sua escala de relacionamento, mesmo com condições de crédito, o financiamento não será aprovado.

O Santander também deixou mais rígidas as suas regras para não correntistas, tornando o processo de financiamento de imóveis mais restrito mesmo aos clientes do banco.

Financiamento imobiliário vai melhorar nos próximos meses?

A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (ABECIP) está em conversa com o Banco Central para destinar parte dos depósitos compulsórios dos bancos à habitação.

Esse movimento busca compensar as perdas que a poupança obteve no ano, pelo menos até que os financiamentos do SBPE entrem nos trilhos novamente. Para se ter uma ideia, até junho de 2023, houve uma saída líquida de R$ 57 bilhões em toda a caderneta de poupança brasileira.

Com a taxa Selic em altos patamares e investimentos de renda fixa mais atraentes de janeiro a maio de 2023, as aplicações na poupança caíram 25% em relação ao ano anterior.

Ainda assim, Inês Magalhães, a vice-presidente de Habitação da Caixa Econômica Federal, afirmou que a empresa projeta liberar um total de R$ 75 bilhões ao financiamento habitacional até o final de 2023.

Deixe seu comentário ou dúvida